terça-feira, fevereiro 10, 2009

Cantei de fato aquele samba da Mocidade

Acordei cedo,
tomei embalo
e nem tomei café,
estufei o peito
e olhei feio pro garnisé,
e sem medo cantei de galo,
e, pimba!,
peguei a catimba
e acertei em cheio!,
e dei um jeito
no descalabro aqui de casa,
agora,
eu falo alto
e ninguém reclama,
não abro minha mão
nem pra jogar peteca
e não aceito drama,
a geladeira eu assalto
a qualquer hora
e não me arrasa a minha filha
quando me pilha em flagrante,
me deito de cueca
na esteira da varanda
e bem diante da vizinha,
e de cueca samba-canção,
dou banda
no mascote da família
quando ele me aporrinha
e ninguém me esculhamba,
e na cervejada
varo a madrugada
e só paro quando atufo o pote,
e, quando chego,
bufo à vontade
e a patroa
não faz cara feia,
me dá boa-vinda
e me faz um chamego,
e vai pra cozinha
e prepara a minha ceia,
e ainda exclama
que na cama sou um bamba,
pois é,
meu camarada,
acordei cedinho e de fato cantei,
mas,
pra ser mais exato,
cantei aquele samba da Mocidade:
“Sonhar não custa nada...”;
e cantei bem baixinho
pra não acordar minha cara-metade
que até quando ressona minha dona me assusta!