terça-feira, fevereiro 03, 2009

Picando a mula

Quando vi
que o rei estava nu
e o ouvi gritar que trocaria
o seu reino por um cavalo
e notei que era à vera
que não era dia de treino,
estava a pé na estrada
e lavando urubu
que não havia
mais nada pra lavar,
aí,
tremi qual matagal
quando vem a ventania,
mas,
tremendo assim
tive um tremendo estalo
e lembrei
do Mustangue do Sul
que ganhei
num bingo de botequim,
um pangaré
que de sangue azul
não tinha nem um pingo,
todavia,
me pertencia
e era bem real até,
aliás,
lembrei de algo mais,
que de fidalgo
eu não tinha nada,
que a confusão
não era da minha alçada
e que quem foi rei
nunca perde a majestade
que reinar é parecido
com andar de bicicleta!,
então,
dei marcha a ré,
peguei à fula uma reta
e piquei a mula da cidade,
e do monarca
despido e desmontado
nunca mais ouvi falar,
mas,
uma senhora
que parecia muito fula
contou agora este babado,
que no reino da Dinamarca
tem algo que não cheira bem
e não sei bem o que é
e o que é
não vou perguntar
pra não dar bandeira,
e, como não sou dinamarquês,
cedo me mandei do colégio
e tem medo quem tem...
a minha meta
é pegar a primeira barca
e mais uma vez picar a mula
e em outra comarca ir buscar abrigo,
mas,
já sei que não sou amigo do rei de lá
que ser amigo do rei é privilégio do Poeta!