terça-feira, agosto 22, 2006

Onde já se viu?!

Era tão diferente
que duvido
que essa era
tenha sido real,
que esse tal
de antigamente
realmente tenha existido,
se não é mera quimera,
é besteira de sobejo,
ranço dessa mente
que ficou fraca e senil,
bonde!, realejo!, vaca-leiteira!,
francamente,
minha gente,
onde já se viu?!,
é caduquice absoluta
ver um Rio de Janeiro
com manso curso,
não poluído e piscoso,
e piscoso o ano inteiro,
e com flor, fruta e passarinho,
com Concurso
que escolhia a Misse
com muito requinte,
e a Misse
o pundonor não agredia,
e se dizia pundonor
sem provocar
arrepio no ouvinte,
com pelada em qualquer rua,
em qualquer terreno baldio,
e não era mulher nua,
com senhora
e cadeira na calçada
naquele ameno
finzinho de tarde
e se conhecia o vizinho,
e a gente se saudava,
“bom-dia”, seu Fulano,
e batia papo,
e era tanto papo
que a gente
esquecia da hora,
com ladrão de galinha
que furtava
em nome da fome,
e era tão chinfrim
que fazia alarde,
mais alarde
do que a bichinha,
uma cidade assim,
francamente,
onde já se viu?!,
é...
minha gente,
a insanidade anda a mil!