segunda-feira, agosto 21, 2006

Um amor e tanto

Nosso amor não é vulgar,
do bem amar sabe o sabor,
no nosso amor
não há desejo
a céu aberto
e véu e penumbra
também têm seu valor,
nosso amor
só se deslumbra
com o beijo certo,
beijo de paixão,
nosso amor
é amor de fato,
não é só esse tato
do amor de agora,
amor confundido com tesão,
embora não tenha hora,
nosso amor
só se espraia no ninho
que nosso amor
não se ateia no passeio,
caminho da multidão,
não chama atenção
na areia da praia,
não é um amor vândalo
que faz escândalo
no meio da grama da praça,
nosso amor
não é dessa laia,
nosso amor
tem a nossa graça
e graça somente nossa,
nosso amor
não necessita ser
publicamente concreto
nem é de fazer do prazer
simplesmente uma grita
insolente e devassa,
nosso amor
sabe perceber
carinho e carícia
num gesto modesto,
sabe ser
um olhar discreto
que só ele
é capaz de ver,
nosso amor
sabe saborear
o gemido indecente
que se geme baixinho
e a impudicícia dita
bem rente ao ouvido,
nosso amor é riso,
bastante riso,
o que não quer dizer
riso a todo instante,
e sabe ser pranto
quando é preciso,
pode ser
que alguém diga
que nosso amor
é um amor à antiga,
se é ou não,
eu não sei,
mas,
sei dizer
que nosso amor
é um amor e tanto,
é inundação de bem-querer!