sexta-feira, agosto 15, 2008

Até a vista!

Não sou santo, puro,
não sei bem
o abecedário
e já deixei de ser rapaz,
entretanto,
achei conveniente
e rabisquei esse bilhete
anônimo e sem data
que não misturo
alhos com bugalhos
e sei que analfabeto
não é sinônimo de otário,
mas,
fi-lo consciente
e não sou alcagüete,
portanto,
fique tranqüilo,
não deduro ninguém
nem há no bilhete
revide ou bravata,
nem baixo o sarrafo
em nenhum desafeto,
é só um desabafo
feito por um prego
que não tem direito
a enguiço comum
nem a id, ego
ou superego
falho ou omisso,
aliás,
nem sei o que é isso!,
é só o desabafo
de um sujeito
que não tem paz
nem tem sossego,
que vagueia descrente
e com a mente
cheia de grilo
que não tem cabe,
gravata nem padrinho
e não sabe do macete
pra achar o caminho
e se dependurar
num cabide de emprego,
aí,
decidi redigi-lo e me mandar,
mas,
sou pessoa da rasa
e não voa
meu tapete porcaria,
portanto,
não vou pra Ibisa,
vou pra algum canto
lá na casa do cacete
e numa maria-fumaça
sem graça
e com mais avaria
que a camisa
que agora estou vestindo,
e vou indo
que já tá na hora
e da fera já ouvi o berro,
e é primeiro de abril
e o de maio
ela não espera,
mas,
posso lhe dizer
que não vou de escoteiro
porque carrego
no meu balaio
o que ouviu meu ouvido
e que ser cumprido ninguém viu,
e também uma cabaça
que não sou de ferro
e, com a libido
fazendo a pista,
beber cachaça
o meu regalo
vem sendo
mais e mais,
e me nego
a beber pelo gargalo!
Até a vista!