quarta-feira, junho 14, 2006

Malandro por osmose

Não o proíbo de os perder,
mas,
tente não perder os estribos
a ponto
de sair no tapa com o fato,
se conforme,
meu chapa,
é bem mais inteligente
já que o que está feito,
feito está,
e pronto, e ponto,
e é preciso ter muita malícia
pra escapar intato,
portanto,
antes de passar recibo
de sua enorme imperícia
e de consumar o prejuízo,
vá à Lapa,
primeiro,
se encoste num poste
de uma esquina
e até pose,
mas sem exagero,
gente fina,
a seguir,
entre num bar,
peça uma dose de quinado
e vá bebericando
bem devagar,
gole a gole,
e dando asas à imaginação
até se sentir em casa,
então,
imagine
um malandro ao seu lado,
não um malandro
sem tino nem psicologia
pra se livrar
de confusão e percalço,
não um malandro
falso, chucro
e sem selo de garantia,
imagine
um malandro genuíno,
malandro de fato
e do sapato bicolor
à brilhantina no cabelo,
tente imaginar
um digno exemplar,
um malandro de valor,
malandro capaz de botar
panos quentes
nos piores atropelos
e de tirar algum lucro
dos maiores danos,
quiçá,
após ter bebericado
a dose de quinado,
você
tenha se tornado malandro,
malandro por osmose!