sábado, novembro 25, 2006

Salve-se!, salve-se!

Salve!, salve!,
ou melhor,
quer dizer,
ou pior,
salve-se!, salve-se!
quem puder,
homem e mulher,
que os caras têm taras
e comem o que você tiver,
e não tem mais hora nem lugar,
pode ser aqui e agora,
na calada da noite
ou na barulhada do dia,
e não se moite,
não use nem estilingue
nem contrate um King Kong
pra lhe dar garantia
ou pra agarrar o meliante em falgrante,
que alguma ONG
vai te processar
por violação de direitos humanos,
direitos humanos do ladrão!,
afinal,
de suas perdas e danos
vive a economia marginal,
e quem que não colabora
inibe a expansão do PIB
e a distribuição de riqueza,
sem a qual
nunca reduziremos a pó
a divisão de classes,
nunca reduziremos as classes
a uma só classe social,
nunca teremos
nossa pobreza universal:
“olá,
muito prazer,
eu sou o seu ladrão
e vim roubar você,
passe o dinheiro pra cá
e passe todo o dinheiro,
e não seja ridículo,
não se coce
nem esboce reação,
vivo da minha reputação
e não quero motivo
pra lhe dar um tiro,
prefiro dar
sem nenhuma razão,
dá mais emoção
e pro meu currículo,
currículo de ladrão,
esse tiro é muito bom!”