quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Alguém me rogou essa praga

Ela pisa nos meus calos no café,
repisa no almoço e no jantar volta a pisar,
aproveita os intervalos
e me enjeita, rejeita e pega no meu pé,
mas,
pegar pra ela não basta,
ela pega e não solta
e me arrasta pro fundo do poço,
e quanto mais me afundo,
melhor,
e o pior é que ela
não me alivia nem em dia santo,
e tem mais,
o prato predileto dela
é projeto meu que malogra
e ela festeja quando eu pago o pato,
mas,
quando algum
logra algum sucesso,
ela se vinga
dando vazão ao acesso de gana
e me xinga e excomunga,
e a sogra comunga
com xingadela e excomunhão,
e a dobradinha
festeja de novo
quando meu time se dana,
e festeja
malogro da minha escola
e cobrador na minha cola,
e festeja com furor
quando o sogro canalha,
a rolha do poço
no qual ela me mete,
mete o pau em mim e a mão
no meu panamá novo em folha,
enfim,
moço,
se me achincalha e deprime,
a dobradinha festeja,
ou melhor, o terceto,
melhor ainda, o quarteto
que ela já me avisou
que na cama de casal
não há mais vaga
que o cunhado encostado
adorou colchão,
chinela e pijama de flanela,
e se viciou em ar condicionado,
e eu pago pelo vício do safado...
é... alguém bom no ofício me rogou essa praga!,
garçom, por favor, me traga mais um trago!