quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Já vou indo

Já vou indo
pra não passar da hora,
por favor,
pague
a conta do boteco
que, no momento,
estou desprevenido,
e vou beber a saideira
que não poderia ir a seco,
não esqueça
a sardinha do Folgado
nem de regar a Etelvina,
mas,
não a encharque,
ela é muito frágil,
e ponha adubo
uma vez por semana,
como de hábito,
deixei no banheiro
toda enrolada
a toalha de banho,
e molhei o chão,
e usei o vaso
sem levantar a tábua,
não queria por nada
que parecesse a ida
confissão seguida de fuga,
esqueci sobre a cômoda
o seu retrato,
o que levava na carteira,
rasgue-o se quiser,
não deixei
meu novo endereço
que é melhor
você nem saber
onde vou morar.
Um abraço e um beijo.

P.S. Risquei o beijo
que o achei inoportuno!