terça-feira, fevereiro 15, 2011

Velha-Guarda (Ponha-se no seu lugar!)

Quem você pensa que é?,
rapaz,
nem contou até dez
antes de entrar!,
aliás,
entrou
sem pedir licença
e fazendo escarcéu,
não pediu bença a ninguém,
nem ao menos
com o chapéu fez um aceno!,
ponha-se no seu lugar,
rapaz,
um dia,
talvez você volte,
mas,
vai voltar
com ferida nos pés,
o regalo da estrada,
e com calo na mão
que a vida
é plantada e colhida,
é enxada e é ancinho,
vai voltar com a alma
encharcada de sereno
e trazendo
alegrias e dissabores
deixados pelos amores
encontrados pelo caminho,
e vai voltar com calma,
vai parar
diante da porta aberta,
com o panamá branco
vai fazer um pequeno aceno
e, na certa,
a Velha-Guarda lhe dirá:
“pode entrar!”,
mas,
até lá,
sendo muito franco,
ponha-se no seu lugar!