sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Bloco Mete com Vontade

Num passe de magia,
você se planta
na minha frente
com classe de cabrocha
sobranceira e tranchã,
debocha sem medo
do amanhã de manhã,
patrão, refeição, moradia,
e a bandeira
do Mete com Vontade
levanta na marra,
saca dos quadris
farra e folia,
e me ataca e reboca,
e da maloca o bloco zarpa
levando
enredo e comunidade,
e cantando canção que diz
de cortar dobrado
e suado dia-a-dia
que a gente teima em teimar,
de impulsão em impulsão,
o bloco
arpa novo folião
e o povo cresce
e vai adiante,
e com fé
no chão escaldante
a gente queima o pé,
e o bloco sobe na raça
ladeira escarpada
e quem vem atrás
açula quem vai na frente,
e desce escarpa sem arruaça
que desce
em fileira organizada
e quem vai na frente
estimula quem vem atrás,
e dobra a esquina,
que segredo ela guarda?,
nos aguarda que destino?,
mas,
o bloco
não amarela nem desatina,
se recobra da guinada
na balada do hino
e faz o que lhe compete,
Mete com Vontade
o dedo na cara
de placa d’inauguração de hospital
que não tem nem estaca
e de colégio tombado por temporal
e desatenção de autoridade,
Mete com Vontade
o dedo na cara
de privilégio, vantagem e regalia,
e de propina e comissão
que vem de patifaria e ladroagem,
que o Mete com Vontade
encara caminho
de farpa, espinho, dificuldade,
mas,
não aceita treita,
esculacho
nem cambalacho,
e que se frise bem
pra que ninguém esqueça,
o Mete com Vontade
com baixa
se choca e deplora,
mas não se amedronta,
chora, afronta o luto
e toca a vida
de fronte erguida
que o Mete com Vontade
não abaixa a cabeça
nem debaixo
de marquise, ponte e viaduto.