terça-feira, fevereiro 12, 2008

Uma tal de dama da van

Você apronta sem acanho
e bem além da conta,
depois,
quando estamos sós,
só nós dois,
chora de soluço e solavanco,
de ranho encharcar o buço
e pingar no chão,
perdão implora rasgando blusa
que você não usa sutiã,
e faz jura beijando a cruz,
fura-bolo com fura-bolo,
jurando
que a jura não é vã,
e eu me comovo
com tanta emoção
e de novo banco avestruz,
e te perdôo mais uma vez,
mas,
assim que anoitece,
você esquece que fez
mais uma jura pra mim,
se solta e levanta vôo,
sai à procura de festa,
e da refrega só volta
quando amanhece,
e o pessoal esfrega
a mão na testa
quando me vê,
e comenta
de uma reputação
que na lama chafurda,
e me atormenta
falando de uma fã
d’A Dama do Lotação,
uma tal
de dama da van,
mas,
você que verseja
e apregoa
que paixão é assim,
surda e cega,
me diga:
por que
você graceja
e até me fustiga,
pega no meu pé
e caçoa de mim,
por quê?!