sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Não manga do que devia

Não é legal mangar assim
qual você manga,
tal mangação é de amargar,
você manga na minha lata
do comprimento da manga
do meu paletó monocórdio,
do nó górdio
da minha gravata
que nem com cartilha
minha família desata,
manga de mim
em razão
do meu bobó de camarão
só porque não tem
camarão nem aipim,
manga
porque, na subseção
em que me asso pelo pão,
não passo de um mequetrefe,
o sub do sub do subchefe,
manga do meu clube
porque ele é o lanterninha,
manga sem dó do pobre chinó
que me emprestou a vizinha
e que me cobre o deserto capilar,
manga
da monofagia no meu lar
monossilábico de fato,
um aposento só
e só à farinha
o prato não tem alergia,
manga
porque sou de atamento
e vou embora
em latim ou arábico,
manga de mim
em dia que tem feira
e em dia que feira não tem,
e de janeiro a janeiro,
agora,
não manga do que devia,
do que dá pano pra mangas,
minha mangueira
que o ano inteiro
dá aquela fruta
que sua mullher deixa louca,
tão louca
que, a toda hora,
a fruta quer botar na boca!