segunda-feira, janeiro 09, 2006

Por entre fragmentos de fim de tarde

Por entre fragmentos
de fim de tarde
que a calçada tragava,
se aproximou de mim
a vendedora de amor
que enfeitava o momento
como se fosse uma flor
doce e sedutora,
e chamada felicidade,
aí,
me enchi de vaidade
e abri meus braços
com destemor e fiz alarde,
fiz o alarde que faz
quem não presta atenção
em mais nada,
exibi o sorriso
que sorria aos domingos,
fiz de improviso passos
que eram pingos de festa
e que só faz
quem rodopia com vontade,
desprezei aviso e conselho
e fui incapaz de ver
o que o espelho me dizia,
não vi que ela fazia
o queria de mim
e que só me queria
que podia fazer assim,
e ela fez o que quis
e, por um triz,
não me fez chegar ao fim!