quarta-feira, janeiro 04, 2006

Sou moleque de rua

Sou moleque de rua,
sou de pegar no tranco
e de sentar a pua
ladeira abaixo
sem pisar no breque
pra levar
o que você acha bom,
branco, marrom,
sou moleque de lero-lero,
besteira e gíria,
na hora da dura,
na hora do esculacho,
sofismo,
apesar de não saber
o que quer dizer,
e dou show de cinismo,
é minha armadura,
e vou esperando que Odin
mande Valquíria
vir atrás de mim,
e vou esperando vir a bala,
a vala comum,
por fim,
o Valhala,
se é que vou ter um!,
e vou assim,
berro com o ferro na mão,
uso gazua,
mixa chinfrim
que abre fechadura
mas não me abre porta
nem a comporta
que suporta
minhas chagas e mágoas,
as feridas
que fizeram sua plaina,
sua lixa e seu formão,
mas não desentortaram
minha vida torta,
não alinharam
minha faina retorcida,
é isso aí...
da ralé sou o lixo,
sou o bicho no seu pé
que lhe tira calma e sossego,
sou um nego
que não lhe importa
e que você despreza,
alma
que está na sua mira,
que você reza pra ver morta!