sexta-feira, março 17, 2006

Essa água é que é água!

Essa água é que é água!,
e retórica não é não,
na prática,
se trata
da mais purinha
questão de gramática,
me mata-paixão!,
me mata-paixão
pela linda mulata!,
e vou nessa água,
vou passar da linha-branca
e chegar à amarelinha,
à azulzinha, à azuladinha,
e, com a alma eufórica,
vou me afogar em água-benta,
água-bórica, água-branca,
quando acabar essa água,
minha sede vai à luta
e outra inventa,
água-bruta,
água-de-briga, água-de-cana,
e, se bem me lembro,
água-de-setembro
e a antiga e bacana aguardente,
e minha sede avisa
que vai em frente
à procura de mais água,
água-que-gato-não-bebe,
água-que-passarinho-não-bebe,
água-lisa, água-pé, água-pra-tudo,
ou boa-pra-tudo,
aliás,
o melé cura-tudo,
se for preciso,
a gente consome
até aguarrás,
após,
retrós e tome-juízo,
pra manter
o pique borbulhante,
a extravagante isbelique,
e crislotique em seguida,
mas,
como na vida
não há só prazer,
também há bate-bate,
que venha alicate,
que venha martelo,
ou melhor,
três-martelos,
pra ver correr
suor-de-alambique
e suor-de-cana-torta,
e pode vir corta-bainha,
danadinha, doidinha, marvadinha,
santinha, teimosinha,
branquinha, mulatinha,
que seja
em nanicos agavios
de bico e cerveja,
obra de homeopatia,
que venha assovio-de-cobra,
a-que-incha
ou a-que-matou-o-guarda,
bom cupincha
que bebia de farda,
e pode mandar amorosa,
ardosa, dengosa, chica e chica-boa,
cumbica e canjica,
baga e apaga-tristeza,
e até baronesa em pessoa,
que realeza não me intimida,
e que graça teria a vida
sem cachaça?!