quinta-feira, março 16, 2006

Você já nasceu café pequeno!

De um argueiro
você faz um cavaleiro,
de discussão de nada
faz campo de batalha,
faz tempestade em copo d’água
e a maior bulha
por agulha, grampo ou tostão,
parece que você
vai a pé até Manágua
e na mão levando tralha,
e, na verdade,
vai de frescão
e vai saltar
bem antes da Baixada,
você assusta
e aperreia meio mundo
dando a impressão
que vai escalar o Aconcágua
e a seguir o Himalaia,
e sem parada,
e, na realidade,
vai subir só a escada
do primeiro andar pro segundo,
e nem de saia justa está,
você tem chiliques e tremiliques
por tuta-e-meia,
esperneia e se esgoela
pra só pagar meia-entrada
com carteira de estudante vencida,
fica puta da vida
e sai na porrada
por besteira e por titica,
se descabela
por roscas e chorumelas,
explode por bolacha-quebrada,
emenda os bigodes
por um simples abana-moscas,
esculacha e roda a baiana
por qualquer prenda de borra,
faz uma zorra daquelas
e só está em jogo quixiligangue,
vermelha de sangue,
se ajoelha e faz rogo
por um mimo de merda,
se herda bagulho ou porcaria,
faz barulho
e de orgulho se entulha,
você faz das tripas coração,
fica de tanga e mergulha
no limo do Mangue
atrás de ninharia e bugiganga
e é capaz
de ouvir trovão em dia ameno,
sabe de uma coisa...
você já nasceu café pequeno!