quarta-feira, março 01, 2006

Qualquer semelhança é pura coincidência...

Antanho seria estranho
e causaria confusão,
mas,
no carnaval
da atual conjuntura,
é comportamento
corriqueiro e normal,
então,
tomou um banho,
parte de assento,
parte banho-de-cheiro,
reduziu com cinta a cintura
de quarenta e cinco
pra quarenta,
pintou no traseiro uma pinta
com tinta vermelha,
talvez magenta,
na orelha pôs brinco,
fez rabo-de-cavalo
e não se fez de rogado,
porque guerra é guerra,
pegou o embalo de um cabo
que ia pro plantão
e desceu a serra
no maior rebolado,
ambas as mãos nas cadeiras,
e cantando um baião,
embora fosse hora de samba:
‘Olê, mulher rendeira,
olê, mulher rendá...’,
e foi namorar
sem se importar
se era patrão ou patroa,
se era a primeira pessoa
do plural ou do singular,
e fez logo sinal
pra um transeunte
que passava pelo local,
mas,
não me pergunte
o que foi que aconteceu
pois anoiteceu de repente
e eu estava sem lanterna,
e a gente não tem boa visão
lá da taberna
porque a pinga é estrábica,
monossilábica também,
e pega fogo
a fábrica de ginga
de uma gringa
que não tem
jogo de cintura,
mas fatura
com o do alheio
e deixa o ambiente
cheio de poluição,
e nem o mais calmo
e menos beberrão
vê um palmo na frente do nariz,
e quem por ali palpita
emite palpite infeliz
e causa a maior grita,
contudo,
no dia seguinte,
como bom ouvinte
do jornal matinal
que em voz alta
pra toda a vizinhança
lê minha vizinha,
que nos falta
até pra leitura,
soube que ao Anacleto coube,
num bloco lá de Copa,
o “Baralho Que em Copas Não se Fecha”,
um rei muito prosa
com suas mechas rosas
e que tudo topa,
e que a criatura
foi direto pra o bloco
de países da Europa,
foi fazer a tal mudança,
remover as varizes
e fazer sua independência
quebrando um galho aqui,
outro ali,
e, no intervalo,
tocando chocalho
e tomando caipirinha pelo gargalo,
mas,
cabe a lembrança,
qualquer semelhança é pura coincidência...