quinta-feira, março 30, 2006

O tempo passa...

Qualquer peripécia
de mulher famosa,
Catarina, Lucrécia, Messalina,
em prosa narrada
me fazia
esbanjar adrenalina;
qualquer foto
de modelo ou vedete
era um terremoto
e não resistia ao apelo,
pintava o sete
e derramava
meus votos de saúde,
e derramava amiúde;
qualquer festa
que via e ouvia
por fresta ou fechadura
me enchia de bravura
e me fazia
manejar minha espada
que não tinha mesmo bainha;
as bacanais
que só vinham a mim
após e pelos jornais
me faziam
derramar a libido,
e assim os Carnavais
de tirar fora halo,
e falo de santo,
dos quais fui excluído
por ser menor
ou um tanto sem grana;
quanta banana
foi descascada a esmo
porque outra fruta
era mesmo muito rala,
quanta luta
desenhada em revista
consumiu o meu melhor,
e sem suor,
que nem suar era preciso,
e bastava pista,
lembrança, aviso, pala
e voltava ao serviço
e nem ficava exaurido,
é isso aí...
mas,
esse tempo já dista,
aqui e agora,
é hora da fala mansa
e da bengala,
e estaria perdido,
teria perdido a graça
sem a esperança
em comprimido
que a drogaria me fia!,
que não dá
pra pagar à vista,
é...
o tempo passa...