quinta-feira, setembro 21, 2006

Olhe pra onde olhar

Não é mole
tocar o bonde,
olhe pra onde olhar,
é só lambança,
olhar sem sentido
de criança triste,
bandido de tocaia
e dedo em riste,
e tome medo, e tome bala,
a fome esfomeada
da arraia-miúda
que rala, e rala,
e nada,
e nada e morre na praia,
e ninguém ajuda,
ninguém socorre,
e o professor tarda,
e retarda o guarda,
e o doutor, e a justiça,
e os três são
de encher lingüiça,
Fulano, Beltrano e Sicrano,
e o pão é pra inglês ver,
“caiu!,
primeiro de maio!”,
aliás,
“primeiro de abril!”,
e sempre caio!,
e da missa
não sei nem a metade,
e nem sei
se tenho vontade de saber!