terça-feira, agosto 02, 2005

Mais leve que o ar

Como sói acontecer,
fui um grande herói,
a um tempo só
Tarzan, Zorro, D'Artagnan,
vencia cobras e felinos
no peito, na força e na faca,
pelos morros, selvas,
rios da minha rua,
no terreno baldio
cavalgava meu alazão
e gritava: "saca!",
sacava sempre primeiro,
era o mais ligeiro,
e nunca errava,
o tiro era certeiro,
a lata da goiabada
era meu escudo,
o cabo de vassoura
minha espada,
e sob seu fio
ficava de joelhos
qualquer inimigo,
e batia continência o soldadinho de chumbo,
diante do espelho
desfilavam James Dean,
Elvis,
Alain Delon,
pose, topete e Bryllcream,
e as vizinhas,
misses, professoras e atrizes,
todas eram minhas,
apaixonadas e nuas caíam em meus braços
à sombra de algum lampião,
e nudez, paixão, prazer
era só imaginar,
sem tempo, dimensão,
sem limite,
e minha pipa,
convite ao infinito,
era mais leve que o ar.