terça-feira, agosto 02, 2005

Nós dois, nós duas

Escalando nosssos ventres,
entre nossas montanhas
em você me assanho,
você se assanha em mim,
e essa ambígua escalada
nos permite querer um viver sem-fim,
sem clausura, sem limites,
somos mastros, somos velas,
pessoas soltas por sobre as alturas,
envoltas só em ventos de prazer,
ela é ele,
depois,
ele vira ela,
grita mais forte a metade sol,
mas dita o norte a metade lua,
e ainda mais se insinua a matilha,
meio-astro, meia-estrela,
deixando as metades de rastros
pelos dois lados da pista
que a trilha é mista,
mistas as entranhas
por debaixo do lençol,
tua sanha masculina
arrebanha a mulher,
e não se acanha
minha natureza feminina,
sempre pronta pro que der e vier,
e vice-versa,
quando se dispersa a senhora
e me torno senhor de você,
macho e fêmea
ao sabor das horas,
vontades gêmeas
que se encontram
com paixão e prazer!