quarta-feira, junho 01, 2005

Feitas as contas, só uma foi paixão

Não há garantia,
seguro, reza, nem patuá,
mulher,
paixão é loteria,
moeda ao ar,
e ninguém consegue
sequer prever se virá,
e não adianta querer,
e, se vier um dia,
ninguém sabe dizer
se ficará
por mais de um olhar,
se deixará emoção,
recordação de momentos felizes,
ou desengano, feridas, cicatrizes,
as perdas e danos,
mesmo assim,
é privilégio de poucos mortais,
um punhado de loucos
que, por sortilégio,
o destino permite
ir além dos limites
dos seres normais,
mas,
preste atenção,
sempre termina,
seja de morte matada,
seja de morte morrida,
de uma forma doída,
que nos alucina
e deixa a alma
repleta de calafrios,
contorcida,
desesperada de dor,
ou,
assim,
somente coisa acabada,
pura exaustão,
sem traumas,
mágoas, tristeza ou rancor,
simplesmente fim,
entretanto,
seja qual for o remate,
nos abate o desencanto
e fica um grande vazio
sem solução,
e uma convicção,
não haverá outra,
porque,
feitas as contas,
só uma foi paixão!