quarta-feira, junho 01, 2005

Não nego

Não nego,
vira e mexe
me apego e apaixono,
e me entrego,
e não sei negar,
dizer não,
só digo sim,
o desassossego toma conta de mim
como se fosse um menino,
e não penso em mais nada,
cada sono é um sonho,
cada sonho um acordar repentino
no meio da madrugada
asfixiado pela falta,
a cada segundo de distância,
o coração mais salta dentro do peito
feito se quisesse fugir,
sair correndo atrás dela,
se revela a impaciência com todo mundo,
aquela implicância
com qualquer fragrância
que venha de outra mulher,
cada ausência,
por mais que eu evite
e já seja escolado,
é um convite à saudade intensa,
imensa saudade,
e ela me invade
e me rendo
já no segundo trecho do romance,
no segundo gole do café ou da cerveja,
e deixo tudo de lado,
ele esfria,
ela esquenta,
e acabo o livro não lendo,
a hora rende
e cada vez é mais lenta,
o cigarro se fuma entre meus dedos
e me queima,
e nem agrião, polenta e rabada
despertam meu apetite,
tanto teima a saudade,
que a graça fica fora de alcance
e não sorrio nem de uma boa piada,
quando telefono
e o telefone chama
e ela não atende,
uma noite escura e fria
desaba sobre mim,
vivo um drama
e fico morrendo de medo,
contando nos dedos
os minutos que faltam pra sua chegada,
se ela responde,
atormento com perguntas:
onde?,
como?,
com quem está?,
se está bem?,
se não está sentindo falta de nada?,
falta de mim?,
e imploro,
rogo,
jogo com seus sentimentos,
digo bobagem,
faço chantagem pra que volte mais cedo,
entretanto,
assim que ela chega,
fico completamente tonto
de tanto que me sinto feliz,
e a tal ponto,
que até perdão peço
por tudo que ainda não fiz,
por tudo que, ainda, não dei de mim,
mas,
confesso,
quando não sinto paixão,
minha vida fica muito chinfrim!