quarta-feira, junho 01, 2005

Cadê você, meu pinho?!

Cadê você, meu pinho,
pinho daquela madeira viva
chamada juventude
que amiúde sentia
a paixão verdadeira e definitiva
e se apaixonava por outra ilusão,
cadê você, meu pinho,
pinho altivo
que todos os dias
dedilhava meu derradeiro caminho
posto que passageiramente definitivo,
cadê você, meu pinho,
pinho que entoava o amor
ao gosto do moço valente e guerreiro,
ao sabor do alvoroço
de uma alma irrequieta e aberta,
repleta de incertas certezas,
capaz de esboçar o universo
numa fração de segundo,
de captar a beleza do mundo
num verso avulso,
cadê você, meu pinho,
impulso forte o bastante
pra traçar minha sorte
e me levar adiante,
cadê você, meu pinho,
que sabia me tocar as cordas do peito
ao jeito de mãos amorosas,
que me alumiava a chuvosa madrugada,
me sublinhava o pôr-do-sol
com um bemol e um sustenido
e me deixava a Lua, a rua
muito mais prateada,
cadê você, meu pinho,
pinho querido
que meu coração acariciava
com os dedos da paixão
que nos incendiou desde cedo,
cadê você, meu pinho,
inspiração, mocidade,
meu pinho,
por que a idade
amordaçou nossa canção?!