quarta-feira, junho 01, 2005

Não me peça perdão

Não me peça perdão,
pois perdôo,
e ainda me nego
a me dizer a razão,
e me dôo
outra vez a você,
coração, corpo, vida,
me entrego
sem medida ou limite
aos seus braços,
às suas mãos,
ao beijo de sua boca,
que a minha
deixa tão louca,
me faço seu objeto,
sem ter querer
ou desejos,
me deixo devorar
por seu apetite,
lhe dou o prazer
que você quiser,
viro montaria
se preferir cavalgar,
uma outra Maria,
basta um comando,
moça, dama ou meretriz
simples mucama
feliz tão-só por servir,
ou sua mãe,
se quiser tal afeto,
me retiro,
qual fazem os cães,
quando você ordenar,
me aquieto
quando você decidir,
prefiro
o que você escolher,
saberei mentir
quando você precisar,
chorar,
fingir,
implorar,
fazer sorrir,
quando você
quiser um palhaço,
ou me tornar
um mero regaço,
mudo
e inerte,
mas,
capaz de tudo
pra aliviar seu cansaço
por favor,
por todo esse amor,
por essa imensa paixão,
eu lhe suplico,
não me peça perdão.