quarta-feira, junho 01, 2005

O chicote do tempo

O chicote do tempo
me açoita,
me leva adiante,
o freio da vida
me corrige o porte,
me dirige a cabeça,
boto o pé na estrada
levado pelo bridão,
garanhão fiel,
eu sigo,
sem refugo,
sem negacear,
e finjo que levo
o mundo comigo,
afinal,
de ilusão preciso,
e levanto a cabeça
nas rédeas do orgulho,
protesto,
faço barulho,
mas sinto as esporas
do ponteiro das horas
cravadas na minha barriga,
e a dor é antiga,
foi concebida comigo,
e assim eu vou
com essa sela pesada
e na cavalgada que o tempo
me faz galopar,
e nem sei da estrada,
cada passo é uma pedra,
em cada curva,
a estrada quase pelo avesso,
é o travesso destino,
moleque
que moleca comigo,
que um dia,
por fim,
me puxa o breque,
mas,
por enquanto,
segue fazendo
gato e sapato de mim!