segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Não tem nada a ver com o vinho

A gente pisa, repisa
e reprisa a pisada,
mas,
não tem nada
a ver com o vinho
o suco carmim
que a dorna entorna,
e a gente
inspira e expira
um cheiro chinfrim
que não torna
o ambiente fragrante,
que não é de pinho
nem de sândalo,
é do muco fedido,
suor de quem
não tem desodorante,
quando a gente
tem roupa,
não é abundante
nem nos adorna,
pois não é linho
ou outro tecido maneiro,
é do que há de pior,
e a gente não poupa
que, além de escândalo,
o dinheiro é humilhação,
seja aposentadoria,
jorna ou pensão,
agora,
quando a gente
chega em casa,
é a hora
que mais nos arrasa,
é a ducha mais fria,
embora não haja água,
quanto mais
água quente ou morna,
e a gente murcha,
e de barriga vazia
no chão a gente encorna!