sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Porta improvisada

Pela porta improvisada,
diante de um sol ainda frágil
sob o último vestígio da madrugada,
saímos da paixão,
deixando um beijo
perdido na esquina,
e saímos
sem aviso,
sem pranto,
sem palvras,
e falar era preciso,
só uma canção desafinada
com nossas sombras fazia par,
tudo era esparso,
tudo era indefinido,
tudo era gesto
de uma dança de despedida,
sem saber a razão,
me sentia aflito,
me afligia aquele instante
entre o silêncio da praça vazia
e a poesia incessante do mar,
não sabia
que estava aflito
que a aflição já sabia
que aquele afligir ia ser infinito!