terça-feira, fevereiro 07, 2006

O veneno

O veneno circula
como um porre,
percorre o peito,
se acumula na mente
e escorre
feito risada tosca
ou fosca lágrima,
pura artimanha
da torrente de magma
fumegante e abrasador
que vem de entranhas
tão cheias de rancor,
pura artimanha
do magma itinerante
que corre por veias
sangrentas e indiferentes,
afluentes que não têm pejo
de deixar circular
o desejo de vingança,
mas,
à proporção
que o furor avança
o veneno se vai envenenando,
um dia,
quando a risada fosca
e a tosca lágrima,
quando o magma
resfria e se solidifica,
se petrifica o coração,
e não medra amor
em coração de pedra!