segunda-feira, abril 11, 2005

Amor da Lapa

Amor da Lapa,
ponto alto do amor,
capaz de colher flor
entre ofensas e tapas,
no meio da dor mais intensa,
e que não dispensa
o beijo voraz,
exposto no asfalto
sob a luz do dia,
que finjo que não vejo,
que não invejo,
que me arrelia,
que não é o que a gente sonha,
amor pleno de arrojo,
sem pejo,
sem nojo,
amor disposto a superar vergonhas,
a se exibir em qualquer esquina,
a vomitar seus segredos
no chão do bar,
amor sem medo
de dilacerar a pele,
de fazer carícias ferinas
pra que o prazer se revele,
se satisfaça o desejo,
não é suave paixão
em leitos alvos e noites calmas,
sempre a salvo o coração,
é um querer a céu aberto,
que não tem momento
nem lugar certo,
é amor da Lapa,
e de sentimento tão forte
nem com a morte a alma escapa.