terça-feira, abril 19, 2005

Velha-Guarda (Ponha-se no seu lugar!)

Quem você pensa que é,
rapaz?!,
entrou sem pedir licença
como nem em bordel se faz,
não pediu bença a ninguém
nem fez,
ao menos,
um aceno com o chapéu,
quem você pensa que é,
rapaz?!,
vá atrás do seu mundo!,
quem sabe,
você volta um dia
trazendo mundos e fundos,
muitas folhas de história,
vitória e revés no fundo do olhar,
trazendo nos pés
regalos das estradas,
feridas de pedras e espinhos,
trazendo nas mãos
o calo que medra das bolhas,
que é feita a vida
com ancinhos e enxadas,
trazendo no coração
as primaveras vividas
e sinceras flores
de dores e amores,
trazendo marcas nas costas
de calçadas e esquinas,
mas com a fronte ungida pelo sereno,
poucas e discretas respostas,
mas a alma repleta de perguntas,
quem sabe,
rapaz,
seguindo sua sina,
você junta um monte de jardas,
não importa se retas ou tortas,
certas ou erradas,
e volta aqui um dia com calma
e sabendo onde tem o nariz,
aí,
defronte da porta aberta,
você faz um aceno
com seu panamá branco
e a Velha-Guarda lhe diz:
pode entrar!,
mas até lá,
sendo muito franco,
ponha-se no seu lugar!