segunda-feira, abril 18, 2005

Fado carioca

Pensei em fazer tango,
frevo, bolero, xote,
pra ser sincero,
devo dizer
que pensei até em rock
e que quase fiz um foxtrote,
mas,
na base senti um choque
e algo me disse
que romperia a mesmice
e faria um fado
que seria cantado
em festa, seresta e fandango,
inspirado,
é claro,
em outros fados caros
e velhos como a sé de Braga,
mas,
feliz, sem mágoa e cheio de luz,
um fado carioca
homenageando Matriz e Oswaldo Cruz,
entretanto,
o saldo foi o pranto
que correu pelo meu rosto
e o desgosto
que veio com a lembrança
que devia ser
d’algum’outra criança
lá da santa terrinha
porquanto não era minha,
e essa sensação espanta e choca!,
por essa razão,
fiquei confuso
e entrei em parafuso,
pois,
não sendo luso
e gostando tanto
de frango assado
e de feijão com arroz,
me vi recluso
tal qual o torresmo
na vitrina do botequim da esquina,
o do Joaquim do coentro,
e senti mesmo uma saudade
que nem cabia dentro de mim,
mas,
que me trazia à memória
a história de um velha cidade
e um cheirinho d'alecrim,
foi assim
que fiz est'outro fado,
nervoso,
angustiado,
ansioso por chegar ao fim!