sexta-feira, abril 15, 2005

Bacamarte

Do ditado diz a metade:
"de ... louco todos temos um pouco",
e ele só tem essa parte,
parece criança,
vive em Marte,
sonha acordado,
dança pelos caminhos,
fala sozinho,
gesticula,
perambula pela cidade
marchando qual soldado,
com seu fictício bacamarte,
enfrenta inimigos imaginários,
e, sobre ele,
há muitos comentários:
pra uns,
foi desengano na mocidade;
para outros,
anos e mais anos de estudo;
alguns,
contudo,
dizem que droga e bebida,
que o vício
fez dele esse farrapo;
em alguns papos,
ouve-se que foi traição da mulher,
e com o melhor amigo;
“do jeito que berra,
é veterano de guerra”,
afirmam os mais antigos;
há um cara que espalha
um caso na família,
a virtude perdida pela filha,
e diz até o nome: Amália;
afirma um fuxiqueiro
que foi a vicissitude,
teria perdido no jogo
todo o dinheiro;
sempre há explicação,
carma, fado, até ficção,
mas,
sobre Bacamarte,
nada a gente sabe,
não se sabe o nome,
dores, amores, idade,
de onde vem,
para onde ele vai,
sobre Bacamarte
sabemos pouco,
muito pouco,
sabemos só
que louco também faz arte!