quinta-feira, abril 14, 2005

Cabaré

Flores falsas,
ao perfume da valsa fria
se alia o traiçoeiro lume
do cuba, do uísque,
do vinho barato e tinto,
e se aduba a emoção,
mas pressinto
pétalas de porre
em ritmo de pranto
no derradeiro copo da madrugada,
entretanto,
insisto na dança,
que não resisto
à falsa aparência de paixão
que escorre qual enxurrada
por todos os lados,
cantos
e bocas,
persisto na louca esperança
de fazer parar os ponteiros,
de ser feliz a vida,
o tempo inteiro,
e na pista,
atrás do tapume de fantasia e fumaça
que embaça a razão e a vista,
todos esses pares
enganados como eu.