quinta-feira, abril 14, 2005

Mulher carioca

Dá beijos no asfalto
aquele salto alto,
toma a rua de assalto
o vestido colado, decotado, bem curto,
da cor da pele são as meias,
e um surto de desejos
incendeia o verão,
você se equilibra, vibra, requebra,
alegra o coração da galera,
que o digam
Vargas e Rio Branco
felizes sob os seus pés,
também,
pudera,
aquilo é que é visão!,
e de visão
que fale o ceguinho
que quase fica louco,
e a confusão?!,
o burburinho no banco?!,
o ladrão sem ar
deixa o roubo pra lá,
por pouco,
não desfalece
nos braços do guarda,
que a essa altura
estremece na farda
e nada mais assegura,
que fale,
então,
a moça despeitada
de frente, de fundo e de fato,
e aqueles bem chatos,
que cheia de ira,
se vira,
e diz que você
é muito indecente,
mas,
tropeça no meio-fio,
saliente como nunca,
e ganha aquele apupo,
que venha a opinião
do grupo de turistas,
delegação japonesa
de olhos imensos
que não deixa
um assovio,
uma foto sequer
pra Vista Chinesa,
que o diga o chofer,
embora na contramão
não ouve um só palavrão,
ninguém insulta,
nem o polícia vê e multa,
pois você
prende a nossa atenção,
que fale o coração
do "doutor" da calçada
que perde a consulta
e quase
a própria pressão,
mas,
melhor diz
a garotada em procissão
que se desloca atrás de você,
agitada e feliz,
que prepara a alma,
se inspira e bate palmas,
e não bate à toa,
pois aquece a palma da mão,
mulher carioca,
você é boa demais!