terça-feira, julho 05, 2005

Amor pela metade

Nos agita
a viva vontade da madrugada
e nos devoramos avidamente,
és a fêmea que mereço,
sou o macho de que necessitas,
misturamos saliva e suores,
temos os melhores prazeres,
teus sabores me tomam a pele,
a tua, meus odores,
somos seres transversos, inversos,
pelo avesso,
e saciamos desejos
sem que a boca os revele,
que não se livra do beijo,
repentinamente,
a noite some
e não nos poupa a luz do dia,
deixa à deriva os Dráculas,
almas vazias, sem sangue nas veias,
inertes como roupa espalhada pelo chão,
não lembro teu nome e não sabes o meu,
antes que as máculas da peste
contagiem o que restou de nós,
nos lavamos com sofreguidão,
e o cheiro é tão acre, tão atroz,
que já não respiramos,
quase asfixiados
botamos nossas vestes
e saímos sem sequer dizer adeus.