quarta-feira, julho 13, 2005

Meu lugar

O vale quieto
aprisionado pela serra
a sua volta,
mas a planície
mais solta da terra,
e tudo recoberto
pela meiguice dos tons
do verde,
do lilás,
do amarelo,
do vermelho,
do azul,
do branco,
do laranja...
e uma infinidade
de outras tonalidades e cores,
nas densas franjas
de folhas, frutos e flores,
aquela árvores
oferecendo sombras gentis
que o sol
com seus raios viris
nunca viola,
a água que rola
no escorrega da montanha
e cá embaixo,
depois da cachoeira,
num truque molhado,
brinca de rio
e os peixes banha
e dá de beber
a quem tem sede,
e pássaros moleques
em vôos traquinas
e fazendo um burburinho
que faz dançar a alma,
e bois,
e vacas
gulosas e calmas
sobre sua farta mesa,
e toda a nobreza dos cavalos
a cariciar o ar
com suas crinas
na cerimônia do galope,
e o melodioso canto do silêncio
cochichando pela madrugada,
e aquela fatia exclusiva de noite
no ceú demarcada
pelas pontas da serra,
com lua,
estrela
e tudo mais,
e a casa ribeirinha
plantada em função da cozinha,
do fogão à lenha
e sua chaminé,
e sem ter,
sequer,
um bocado fútil,
e prenha de mobília
rústica, útil, aconchegante,
e rede na varanda,
e o constante aroma de paz,
e ela,
toda minha,
ah!...,
e o galo
cantando de manhãzinha!