terça-feira, julho 12, 2005

Não há canto mais franco

Decerto,
não é o primeiro,
e espero
que seja o derradeiro,
mas é o meu,
o que eu tenho,
e cada um tem o seu,
e, asseguro,
venho de peito aberto,
sou de todo verdadeiro,
franco,
e não fico em cima do muro,
eu juro;
se não é sonho?!,
se ponho,
de fato,
o preto no branco
e os pingos nos is
de modo exato?!,
garanto que foi o que quis;
se falo por miúdo sobre tudo
que fiz e deixei de fazer
e não nada oculto,
se canto
e dou a nota,
o tom correto,
se conto cem por cento,
sem censura e sem veto,
e não dou vulto ao que não tem?!,
posso dizer que tento,
pois não fantasio,
não alivio nem aperto,
não diminuo nem aumento,
não faço drama,
trama intrincada,
nem conto de fada,
e o feito
foi fácil de conseguir
porque descobri,
meu amigo,
o jeito de fazer,
de não falsear nem mentir:
não dizer nada,
e nada eu digo!