quarta-feira, julho 13, 2005

Estou mentindo

Quero o absurdo
dessas noites de insônia,
tremendo de frio
e sonhando com ela,
quero a estupidez
dessas madrugadas,
delirando acordado
por horas a fio,
e pensando nela,
quero o pranto
e essa escuridão completa
ao sabor de canções
que me fazem recordar,
quero o amargor
desses cigarros fumados
na esperança de a fumaça
desenhar o rosto dela,
quero o dissabor
desses copos vazios
e aquela tentativa bêbada
de tomar o derradeiro porre,
quero o estertor
desse insaciável cio
enxarcando lençóis de seda
e que teima e não morre,
não!, não! e não!,
eu não quero!,
estou mentindo!,
não quero
nenhuma dessas coisas
que por loucura
tanto clamo,
quero tê-la de volta,
vê-la bater na porta,
entrar,
me abraçar, me beijar,
e me dizer sorrindo,
amor,
eu te amo!