terça-feira, julho 05, 2005

Atire a primeira pedra!

Tantos prismas e cismas
por todos os lados,
sofismas por todos os cantos,
difundidos, exaltados,
carismas produzidos
por rádios, tevês e jornais,
e há muito mais nessa lista,
fantasmas, cinismos, espantalhos,
alhos misturados com bugalhos
por magos, doutores, artistas,
às vezes,
tudo parece tão fictício,
que a gente pasma,
pra suportar,
haja batismo, crisma, e outros sacramentos!,
mas,
mesmo assim,
a qualquer momento,
a gente se abisma nos precipícios diários,
nos santos enganos de cada dia,
a gente passa do ponto,
tonto com tanta alquimia,
e nem desconfia da própria tontice,
a gente se diz proprietário da verdade,
e, na realidade,
diz uma bruta sandice,
indício de ortodoxia, quiçá oligofrenia,
a gente faz papel de otário,
pensando estar sendo sagaz,
demais a gente insiste
e por pura insistência, mera teimosia
ou por loucura somente,
demência não tão incipiente assim,
a gente se vê em palpos de aranha,
pondo em risco o escalpo,
por tolice ou coisa chinfrim,
a gente se arranha nas arestas do cotidiano,
a gente se presta a algum papel ridículo,
a gente anda, percorre um círculo,
mesmo um segmento,
e afirma que está numa reta cem por cento,
a gente da vida apanha,
em público ou por baixo do pano,
a gente entra pelo cano,
se engana com um amor,
com um amigo,
até mesmo com um inimigo,
a gente medra,
sente pavor
de pecados novos ou antigos,
de um só que seja,
que não quer que o outro veja,
se com você não é assim,
atire a primeira pedra!