terça-feira, julho 12, 2005

E que o mundo se exploda amanhã de manhã

Se ainda te prezas,
eis a receita perfeita:
vira a mesa,
chega de tornos e fresas,
manda despesas,
imposto de renda
às calendas gregas,
esquece a poupança,
pois o gato comeu,
e comeu também
aquela lesa esperança
de carro e casa própria,
com financiamento
de véspera de eleição,
põe de lado essa reza,
que o santo nunca ouviu,
atira ao vento
essa tal vida sóbria,
e avisa as crianças
que se despediu
o Papai Noel,
antes que se aposentasse
caquético, patético, velho de fato,
vamos lá,
basta de 1º de abril,
fala à nega
pra deixar de mão
ferro, forno e fogão,
se meter no vestido
que sobrou das bodas,
nos adornos e balangandãs,
mesmo bregas,
e na água-de-cheiro,
aquela amostra grátis,
que ganhaste do patrão,
deixa de lado linha,
valor ético,
padrão estético
e desalinha os cabelos,
desabotoa a camisa,
mostra os pelos,
mete o peito na noite,
a noite é uma criança
que pede a tua mão,
corre, brinca, canta, dança,
toma aquele porre,
e que o mundo se exploda
amanhã de manhã!