terça-feira, julho 12, 2005

É bem possível

Tempo... espaço...
régua... compasso...
faça a estrada
com seu próprio passo,
desenhe a figura
e use só o seu traço,
construa o inteiro
colando seus pedaços,
monte e desmonte
cada um dos segundos,
conte, reconte, desconte
o que quiser
descontar do seu mundo,
mas não esqueça,
é importante a cabeça
procurar novo horizonte,
e não se limite às três dimensões,
largura, comprimento, altura,
se quiser,
divida e multiplique,
some e subtraia,
mas não caia nessa arapuca,
não fique só
com essas quatro operações,
e não se bitole só pela vida,
que pode não ser vida
mas sala de espera da morte,
também não se restinja à morte,
que pode não ser morte,
mas sala de espera do renascer,
portanto,
não se deixe marcar tanto
por nenhum momento,
que pode
não ser começo nem fim,
mas mero prosseguimento,
e não se balize
só pelo átomo,
pois,
de fato,
não é átomo
já que é passível de corte,
nem pela matéria
ou pela antimatéria,
nem só pelo corpo
ou pela alma,
nem só pelo carma
ou pela aura,
ou pela encarnação,
desencarnação,
reencarnação,
nem só pelo que é humano
ou desumano,
terreno ou extraterreno,
científico ou não,
nem pelas coisas certas ou erradas,
nem pelo que é falso
ou verdade confirmada,
pois tudo isso
pode não ser tudo,
pode mesmo não ser nada,
não se restrinja a leste, oeste,
sul ou norte,
pois há outras direções,
não se prenda em demasia
à massa ou à energia,
pois pode ser
infinitamente maior a magia,
outra alquimia pode existir,
portanto,
não fique só nessa união
de tempo e espaço,
não acredite tanto
em régua e compasso,
pois é bem possível
não haver medida não.